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AOR, Hard Rock, Melodic rock

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

ROCKIN' INTERVIEWS - CESAR GAVIN


      Se você quer conhecer mais sobre música produzida no país, a história do rock nacional e seus personagens, assista no Youtube o programa Vitrola Verde apresentado por Cesar Gavin, que também é produtor musical, radialista, professor e palestrante. Cesar cresceu vendo e participando da formação de várias bandas emblemáticas do rock nacional e em seu programa costuma esmiuçar a vida do entrevistado, extrai fatos peculiares e, de uma forma até didática, faz com que tudo seja contado em ordem cronológica, de acordo com a discografia, trabalhos e acontecimentos marcantes. Entrei em contato com Cesar para falarmos um pouco mais de sua vida e sobre rock nacional. Espero que gostem! 
(Denis Freitas)      


ENTREVISTA - Cesar Gavin


Fala Cesar, tudo bem? Primeiramente, é um prazer poder trazer um pouco da sua história e conhecimento de rock aqui para o Brazil Rock Melody. Você é daquele cara que sempre quer saber de notícias de música a todo o momento? De que forma você se atualiza?

Eu que agradeço! Vivo e respiro música desde sempre. Tenho fascinação por curiosidades da música. Leio livros, revistas, ouço muito meus discos, ouço música em streaming, rádios internacionais por app e também recebo muito material por causa do meu programa, o Vitrola Verde. As pessoas me enviam diariamente.



Sei que você já participou de diversos trabalhos no meio da música. Quais dos seus trabalhos você destacaria?

Tenho orgulho de vários trabalhos, mas destaco meu trabalho na extinta gravadora Trama como Gerente Artístico, Produtor Musical e Produtor Executivo. 

A Trama surgiu em 1998 com uma proposta muito legal, dando oportunidades a diversos artistas de vários estilos. Como era o clima no trabalho? Que bandas ou artistas te chamaram a atenção na época?

Trabalhar na Trama foi algo fora do padrão nacional. Estávamos no Brasil, mas não estávamos, entende? Lá o artista era tratado como artista, isto é, respeitava-se a sua obra, a sua arte. Era único, sem contar a estrutura toda montada, como por exemplo o “Núcleo de Moda e Imagem”, que cuidava do figurino, da arte da capa dos discos e todo o visual do artista. Foi o único lugar que trabalhei em que todos entendiam de música, não é genial? Eu sempre digo que muitas vezes, me sentia em Londres trabalhando lá (risos). Quanto a contratação dos artistas, acho que erraram muito. Por outro lado, produzi o último álbum de carreira do Paulinho Nogueira (um dos precursores da Bossa Nova); trabalhei com artistas incríveis como Duofel, Tom Zé, Kid Vinil, Jair Rodrigues, Cesar Camargo Mariano, Fernanda Porto, Ed Motta, Inezita Barroso e alguns da nova geração (naquela época): Wilson Simoninha, Max de Castro, Pedro Mariano, Jair Oliveira, entre outros. 
(Confira os trabalhos de Cesar neste link: http://www.cesargavin.com/#!fonogrfica/c17h )

Qual sua intenção com o programa Vitrola Verde? Ele está somente no YouTube, certo? Quais entrevistas foram as mais especiais?

Minha intenção é levar ao público curiosidades de artistas fantásticos que estão fora da mídia no momento. Por enquanto, o programa está no YouTube. Pretendo expandir, talvez para uma emissora de TV. Encontrei nele um segmento que falta no mercado: artistas de rock brasileiro, principalmente dos anos 70 e 80. Foram várias entrevistas especiais. Cito duas: dos cantores Ciro Pessoa e Percy Weiss.


Cesar entrevistando Ciro Pessoa da banda CABINE C e um dos membros fundadores dos TITÃS

Você passou a infância e adolescência vendo a maior banda de rock do Brasil, em minha opinião, se formar e evoluir. Você percebia a imensa capacidade criativa dos TITÃS lá no início?  Afinal, a banda fez e ainda faz inúmeros hits e é dona de uma discografia muito rica com elementos musicais distintos incorporados ao rock.  Tem algum fato da criatividade da banda que possa nos contar?

Tive a oportunidade de ver e assistir de perto várias bandas se formarem e acompanhei toda a trajetória, desde criança mesmo. Motivo que interferiu na minha formação. Eu tinha 12 anos de idade e o IRA ensaiava na minha casa. Você acha que eu saia para brincar? Não. Preferia vê-los compor as músicas que mais tarde virariam repertório do primeiro até o quarto álbum deles. Quanto aos TITÃS, acompanhei toda a trajetória do grupo. Vi diversos ensaios em toda a carreira, mas ressalto o período das composições do que seria o álbum “Cabeça Dinossauro”. Era mágico! Era cru, era agressivo, era “sujo”. Tinha “riff”, tinha peso, somado às letras com conotação relacionada com a nossa sociedade. Família, polícia, Estado, capitalismo, etc. Houve ainda tempo de eles inserirem um espírito de porco na “temática”. E o melhor: um novo arranjo para “Bichos Escrotos”, faixa que eles tocavam no começo de carreira. Outra coisa bacana foi trabalhar no álbum “Titanomaquia” e ver o produtor Jack Endino (produtor do NIRVANA) tirar aquele puta som no disco. Foi uma escola de vida. Uma escola de Rock!

Considero seu irmão um dos grandes bateristas do Brasil e vê-lo sair dos TITÃS foi bem estranho, pois sua pegada na bateria era marcante no som da banda. O que passou pela sua cabeça quando ele decidiu sair da banda? Você tentou faze-lo mudar de ideia?

Eu e o Charles (Charles Gavin, ex-baterista do TITÃS) somos muito amigos e, por isso, confidentes também. Ele vinha conversando comigo sobre o assunto há 3 anos antes de sua saída. Não foi fácil. Como largar aquela história brilhante? Porém, o desgaste da estrada é cruel. Digo isso porque trabalhei com eles por quase 5 anos como roadie e não aguentei mais. Imagine o Charles fazendo isto por 25 anos? Naqueles anos que antecederam a sua saída, ele mencionou que queria passar o “bastão” para um outro baterista que pudesse decentemente levar a obra que ele construiu com os TITÃS. Foi aí que neste momento, indiquei o Mario Fabre, um grande amigo que também tinha tocado comigo na BALA DE PRATA (de 1989 a 1991 - https://youtu.be/hNtS8uNFQss ). O Charles adorou a ideia e conversou com a banda. O Mario foi fazer o teste e, claro, “quebrou tudo”. Os dois bateristas tem o estilo completamente diferente, mas o Mario se adequou aos Titãs de uma outra maneira. Acho que virou outra banda. E tinha que ser assim, pois o Charles saiu e o som mudou. Mas o interessante desta história toda, não é só a “transição”. Meu irmão mostrou o grande caráter que tem. Honrou todos os compromissos artísticos e administrativos com a banda. Honesto e ético. E nesta mudança, pra mim, foi uma grande satisfação ver um dos meus melhores amigos substituir meu irmão. É muita emoção junta. O melhor foi o encontro deles no Titãs 30 anos. Todos ficaram bem e eu mais uma vez pude contribuir.


   Mário Fabre, Cesar e Charles Gavin

Você ainda possui banda? Quais instrumentos você toca?

Hoje em dia, não toco nada. Tive várias bandas, nas quais eu tocava baixo. Aprendi a tocar bateria quando fui roadie dos Titãs porque tinha que passar o som. (Aqui você pode ver Cesar tocando bateria: https://youtu.be/Cj3BwiSvZIU )


César nos tempos do BALA DE PRATA

Muito obrigado por falar para a página. Para terminar, que bandas de rock nacional atuais você conheceu ultimamente e destacaria?  Fique à vontade para deixar seu recado. Grande abraço!

Gosto do TOMADA, ROCK ROCKET, KAMBOJA, BARANGA, FINHO. EST (Scandurra e Tape), Tatá Martinelli, Ana Canãs e muitos outros. Meu recado? Que a arte perdure!


Conheça mais do trabalho de César nos links abaixo:
http://www.cesargavin.com

Um comentário:

  1. Legal a entrevista, apesar de ser curta. O Programa Vitrola Verde é recomebdadíssimo pois muitas histórias só são ditas lá. Vocês não encontrarão em outro lugar. Muitas perguntas que sempre quis saber, parece que o César adivinha e questiona.
    Pena que tem uns cururus que chegam nele com o intuito de conhecer o irmão, isso quando não o confunde. É só o César persistir que muitos vão dar o devido valor. Vida longa ao César e ao Vitrola Verde!!!

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