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AOR, Hard Rock, Melodic rock

sábado, 25 de maio de 2013

ROCKIN' INTERVIEWS - SILENT

Conheci o som desta banda brasileira de AOR / Hard Rock por volta de 2001, através do cd "The Bright Side". Fiquei muito empolgado com o som desses caras na época, afinal não havia bandas de tamanha qualidade fazendo um som mais voltado para o AOR no Brasil. Fiquei sabendo da volta deles há alguns meses e entrei em contato com Alexandre "Tilly" e Gustavo Andriewiski, residentes no Rio de Janeiro, assim como o resto da banda. Ambos foram muito legais e me contaram toda a interessantíssima história do SILENT, que está condensada aqui (foram 3 horas de conversa !!). Decidi retirar as perguntas para facilitar o entendimento.  É muito bom saber que a banda está de volta compondo material para o tão aguardado segundo cd.  Confiram abaixo a entrevista e A FAIXA "EMPTY LAND" DO PRIMEIRO ÁLBUM COM NOVOS ARRANJOS (QUE ESTÁ EXCELENTE !!) E Que venha o segundo álbum!!!  (Denis Freitas)
Com participação especial de Humberto Beltramini no saxofone

SILENT 
A história da banda brasileira de aor/ hard rock que poucos sabem
Alexandre "Tilly", Alexandre França, Gustavo Andriewiski e Marcos Ferraz

O início de tudo (1991)

Alexandre "Tilly":

Eu tinha uma banda com o França (Alexandre França – guitarra) e o Gustavo (Gustavo Andriewiski – guitarra/vocal) estava no exército. Quando ele saiu do exército, nos perguntou se tinha vaga para ele. Falei que sim e ele me mostrou “I Found Faith”, pensei: “Caramba! Isso é muito melhor do que qualquer coisa que a gente tem!”.

Gustavo Andriewiski:

Eu queria ter uma banda que tocasse a música do jeito que estava na minha cabeça, então chamei o Tilly (bateriae o Marcos Ferraz (baixo), e montamos o SILENT

Alexandre "Tilly"

Em fevereiro de 91 montamos a banda, o Gustavo disse: “Eu vou cantar, já cansei de procurar vocalista”.   Então eu sugeri o França, eu já tinha tocado um ano e pouco com ele e vi que era um cara sério e dedicado, com ideias boas e eu achava que fosse dar certo com ele.  O Gustavo chegou no primeiro ensaio e disse para a gente: “Eu tenho uma ideia de fazer o primeiro show daqui a dois meses, quero começar com uma música assim, a segunda tem que ser desse jeito...” Assim ele começou a montar a sequência das músicas.

Gustavo Andriewiski:

Eu imaginava a sequência das músicas, a gente arranjava, aí eu fechava o olho e imaginava o tipo da próxima música e fazíamos...

Alexandre "Tilly":

As músicas não foram saindo ao acaso, foi assim, daqui a dois meses quero estar tocando, esse era nosso projeto inicial. Em dois meses estávamos fazendo nosso primeiro show em uma festa de um colégio, para fechar a noite, tocando para 900 pessoas. 



Mussum e “SILENTIS”
Alexandre Tilly:

Uma semana depois gravamos uma demo na casa de um amigo para ter o registro de umas músicas, mas depois decidimos gravar uma demo de melhor qualidade. Fomos para um estúdio, escolhemos duas músicas, gravamos, ficou bem interessante. Então começaram a acontecer coisas que só acontecem com esta banda. Meu pai era muito amigo do Mussum (comediante brasileiro), um dia estávamos todos no carro e demos carona para um cara que trabalhava em uma grande gravadora. O Mussum conhecia esse cara, ele entrou no carro, meu pai estava com a nossa fita demo tocando no carro, aí ele perguntou: “O que é isso?”, meu pai respondeu a ele: "Está gostando?", ele disse que sim,  que estava gostando. Em seguida, o próprio Mussum disse: “É a banda do filho dele”. Então o cara pediu para que gravássemos um material e levasse para ele. No primeiro semestre de vida da banda! Deixamos o material lá para o cara, eles gostaram, mas tinham acabado de contratar outras bandas que cantavam em Inglês. 

Clipe na MTV (1992)
Alexandre "Tilly":

Participamos de um concurso de bandas, ficamos em 2º lugar, para uma banda de hard rock estava mais do que bom. E foi legal para o currículo. Então, estou na faculdade, tinha um trabalho no qual tínhamos que fazer um spot para a rádio, chamei o Gustavo para ser o locutor. Chegamos na rádio e precisávamos de uma trilha, mas nada encaixava, o cara do rádio (Paulo Emygdio - Paulinho) ouviu nossa música e disse que uma parte da música encaixaria no spot. Então o Paulinho pediu para copiar a música e a colocou na programação da rádio da faculdade, sendo tocada todos os dias. Ele ia aos nossos shows, gravava e tocava na radio, fazia entrevista... Um dia eu estava na sala de edição e pedi para ele se podíamos usar o estúdio para gravar um clipe durante as férias. Então conseguimos um vídeo com uma edição de 24h de graça!  Mandamos para a MTV, tinha um programa chamado Demo MTV, e o melhor clipe na opinião deles entrava na programação. Esse clipe entrou na programação. Era da música “Watching” (4ª faixa do CD). Esse disco na verdade foi composto quase todo em 91 e 92. O Paulinho tornou-se um grande amigo e incentivador, nos ajudando muito.


Mudanças na formação e música na novela da Globo (1993)
Gustavo Andriewiski:

O Alexandre chegou um dia (em 92) e disse: “Cara, a gente tem que ter música em Português para eu apresentar para um cara da Som Livre, que há grande chance dessa musica entrar em alguma novela” Então pegamos nosso foco em Inglês e demos um giro de 180 graus, começamos a compor em Português. Gravamos uma demo com duas músicas e mandamos para o cara da Globo. Passaram-se 6 meses e nenhuma resposta. Pensamos, "O que faremos agora? Final de 92, queremos gravar um disco, sem grana. Vamos arrecadar grana! Vamos fazer uma banda de cover e tocar em um lugar fixo". Eramos nós quatro e chamamos o Federico (Federico Martin - vocal, baixo), que veio dar uma ajuda, tocar teclado, violão e ajudar a cantar. Começamos a ensaiar, então o Marcos Ferraz pediu para sair e o caminho mais rápido foi pegar o Federico, que é multi instrumentista, o instrumento dele na verdade é bateria, mas ele próprio propôs ser o baixista. Em 93, fomos tocar “Sonhar (pra sempre)” no primeiro show com Federico, o França anuncia para a galera no meio do show que tinha uma surpresa e diz: “Essa música que a gente vai tocar agora estará segunda-feira na novela das 7 (O Mapa da Mina) da Globo” . A gente não esperava, foi aquele baque. Foi muito legal... mas é aquele negócio, inocência. Você acha  que por estar em uma novela da Globo, mesmo sem empresário e gravadora, os caras vão ouvir essa musica e virão atrás da gente... só que não aconteceu nada. A música mal tocou, tocou em uma cena, só a introdução. Foi a primeira grande esfriada do SILENT. No fim de 93 começaram uns atritos entre o Alexandre França e o Tilly, então no início de 94 ele saiu da banda. Ficamos mais perdidos ainda...

A gravação do primeiro álbum e outra música na novela (1996-1997)


Alexandre "Tilly":

Em 94 chamamos o Marco Ferreira (Marc Ferr) para tocar com a gente, ele fez uns shows e também participamos do festival de bandas Fest Valda em 95.

Em 96 a banda esteve parada, não tínhamos perspectivas e foi então que surgiu a oportunidade de gravar “I Found Faith”, para colocar na trilha da novela Vira Lata de 96 da Globo. Quando gravamos essa música, nos reunimos, eu, o Gustavo e o Federico, e decidimos registrar nossas músicas em Inglês. Selecionamos 12 músicas. Liguei para o Alexandre França, que estava morando em Los Angeles, e avisei que iríamos gravar e que seria legal que ele participasse, pois ele tinha feito as partes de guitarra, os arranjos... Ele estava voltando para o Brasil, disse que gravaria, mas que estava voltando para tocar em outra banda. O Federico só queria registrar as músicas, pois queria fazer um trabalho mais pop em Português, não queria que continuássemos em Inglês.  Mas aí em 97 tivemos a música "Bitter Tear" entrando na trilha da novela O Amor Está No Ar. O Alexandre França voltou a passar mais tempo no estúdio com a gente e se envolver mais. Fizemos um show de lançamento tocando todo o disco, em Inglês. 




O FIM DA BANDA (2005)
Alexandre "Tilly":

Em 99 continuamos com Português e fomos chamados para fazer o Ultrassom na MTV.
O França acabou saindo novamente porque achou que a banda tinha tomado um rumo esquisito . O Gustavo recebeu uma proposta para trabalhar nos EUA e eu comecei a correr atrás para prensar nosso disco, porém o Federico queria fazer em Português e não concordava. Em 2000 foi prensado o disco, foram prensadas 500 cópias que era o mínimo, independente. Em 2001 ou 2002 um cara do Rio me disse que uma gravadora de São Paulo estava interessada em bandas em Inglês. Entrei em contato com esses caras, da Frontline, que estava com um projeto tributo ao JOURNEY, disseram que queriam lançar nosso cd... O Gustavo estava em Miami e falei com o Federico que os caras queriam gravar nosso segundo cd. O França topou fazer, mas o Federico só aceitava gravar, mas não queria fazer shows. Então decidimos procurar um vocalista, ficamos dois anos procurando vocalistas e o único que me chamou a atenção e que se encaixou foi o Guilherme (vocalista do AURAS). A gente trouxe ele para cá, ensaiamos, vimos que encaixava, gravamos uma demo, mas aí o França achou que demorou muito, que as músicas estavam ultrapassadas e não quis mais continuar.  Então morreu o assunto, o Guilherme não continuou... Em 2005 ficou acertado o seguinte, que iríamos nos comunicar virtualmente e gravar um EP com 6 músicas, incluindo a música do JOURNEY, que eu consegui que liberassem,“Girl Can’t Help it”. A ideia era lançar esse EP para o nome da banda não ficar esquecido e a gente ter tempo de trabalhar no segundo disco. Fizemos duas reuniões e isso não foi adiante, tivemos várias problemas e ali para mim em 2005 o SILENT tinha acabado completamente. Eu não queria mais saber... 
Em 2007, o Gustavo já tinha voltado e montamos o REPPLICA, que é uma banda que eu gosto para caramba, com letras em Português, as músicas são boas, mas nenhuma gravadora se interessou na época.

RESOLUÇÃO DA VOLTA E VOLTA DEFINITIVA (2010-2013)

Marcio Chicralla, Gustavo e Tilly (2012)
Gustavo Andriewiski:

Quando voltei para o Brasil, começamos a trabalhar novamente com música autoral com o REPPLICA. Em dezembro de 2010 (eu, França e o Tilly), nessa "brincadeira", fomos tomar um chopp um dia e partiu do França a ideia de fazer um novo cd do SILENT no ano seguinte. Foi a última reunião que tivemos antes da tragédia... 

(NOTA: O guitarrista Alexandre França morreu em uma tragédia causada pelas chuvas que mataram oito pessoas de uma mesma família em Janeiro de 2011, na região serrana do Rio de Janeiro)

Mas ficamos com esse legado, vamos fazer, a gente tem material, temos muita música daquela época que ficamos fazendo pela Internet, coisas novas dos últimos dois anos quando nos reunimos, estamos escolhendo... 

As músicas vão ficar em torno do que era mesmo, a gente é apaixonado pelo Mutt Lange, você ouve Back in Black, é o cara!, eu adorava AC/DC quando era moleque, mas não tinha nem ideia do que era um produtor, aí um belo dia eu ouvi “Rock of Ages” e pensei “Cara, isso é muito foda!” e depois de muito tempo quando ouvi também BRYAN ADAMS, descobrimos que era o mesmo produtor e na verdade a gente gostava desse cara. Então fizemos uma tentativa de reproduzir aqueles backings, dez milhões de guitarras fazendo coisas diferentes... A gente queria fazer o que o Mutt Lange fazia e isso tudo vai estar lá... Por exemplo, A regravação de “Empty Land” tem um violão de 6, um violão de 12, piano, três guitarras, além do saxofone. É isso que a gente quer fazer!

SILENT 2013

Agora finalmente a banda encontrou um guitarrista que se encaixa perfeitamente no seu estilo. Esse cara é o Gargamel, um cara bem conceituado no Rio de Janeiro.


Um comentário:

  1. Estou muito feliz e ansioso pra ver e ouvir essa maravilhosa banda que com muita honra abri alguns shows e convivi e fiz amizade e espero que esse segundo cd seja a realização de um novo sonho. Sucesso pra vcs e bom saber que o marcio e o gargamel estão com vcs. Valeu!
    Paulo Reach out.

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