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AOR, Hard Rock, Melodic rock

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

ROCKIN' INTERVIEWS - ADRIANGALE


Sempre considerei o ADRIANGALE uma banda “injustiçada” de certa forma, ou seja, uma banda que merece mais divulgação e mais atenção por parte da mídia chamada especializada. Digo isso porque os americanos sempre lançaram álbuns de qualidade, principalmente a partir do álbum “Crunch”, um dos melhores álbuns de 2004 e talvez o melhor da banda até hoje. O hard rock com melodias marcantes da banda tem como principais características os belíssimos e potentes vocais de Jamie Rowe (ex-GUARDIAN) e as composições com riffs certeiros do guitarrista e baterista (!) Vic Rivera. A banda está de volta após quase dez anos hibernando e com novo CD, “Sucker Punch!” (review aqui). O papo está bem informativo. Espero que gostem! (Denis Freitas)

ENTREVISTA - Vic Rivera

Oi Vic, tudo bem? É um prazer falar com você e muito bom saber que a banda está de volta! Quando eu ouvi o álbum “Crunch” em 2004, gostei imediatamente e achei que foi um divisor de águas para a banda. Imaginei que a partir daquele álbum vocês iriam “decolar”. Mas isso não aconteceu e vocês inclusive mudaram o nome da banda para CRUNCH por um tempo. O que aconteceu durante todos esses anos?

Oi Denis, bom falar com você! Sim, esse álbum foi um divisor, musicalmente, acho que tudo naquele álbum... Sem desmerecer os anteriores, sabe, todo artista tenta fazer melhor no álbum seguinte e com CRUNCH acabou sendo umas daquelas coisas mágicas... Após aquele álbum nosso contrato encerrou-se e não havia nenhum tipo de conflito, nós vínhamos fazendo aquilo por quatro anos, todos nós tínhamos nossos empregos normais, Jamie estava fazendo outras coisas  e dissemos: “Vamos parar com isso por um tempo” , sabe, não havia problemas, apenas deixamos de lado por um tempo.
Logo após o álbum ter sido lançado, John Kivel disse que o Ted Poley (DANGER DANGER) queria trabalhar comigo e aquilo seria algo legal para mim. Eu já sabia que nós iríamos deixar o ADRIANGALE parado por um tempo mesmo, então decidimos deixar o álbum falar por si mesmo para ressurgirmos no momento apropriado. Nos seis anos seguintes eu trabalhei com o Ted e também participei no projeto LIBERTY AND JUSTICE. Mas o álbum CRUNCH foi muito especial, Jamie e eu decidimos que no momento certo conseguiríamos retomar.  Mudamos o nome porque na época não conseguíamos entrar em acordo com a gravadora, não foi nada ruim, mas às vezes as coisas não se ajeitam da maneira que você quer, então decidimos mudar o nome para CRUNCH, na época foi bom para todos. O momento é tudo, só que não era o momento ideal... Mas agora estamos de volta e agora é o momento certo para o novo álbum.


Como vocês queriam que a banda soasse no começo?

Quando John Kivel e eu nos conhecemos, ele sabia que eu tinha feito algumas músicas para uma banda local no fim dos anos 80, eu tocava bateria na época, eu sempre toquei guitarra, mas fui um baterista primeiro. Toquei bateria em todos os nossos álbuns. Quanto ao estilo, John disse que conhecia minhas composições e disse que estava a procura de uma banda com uma certa sonoridade, mencionou umas bandas e disse que seria melodic rock. Ele estava em contato com Jamie. Seria melodic rock, mas sem querer soar pretensioso, acho que meu estilo de escrever é bem fácil de se reconhecer. Quando componho, as pessoas sabem que é ADRIANGALE e também por causa da voz de Jamie, você sabe quando somos nós. Começamos mirando um HAREM SCAREM, meus heróis eram WINGER e RATT e claro VAN HALEN, que é minha maior influência. Eddie Van Halen tem grande importância para o que eu faço. O modo como componho tem a ver com a influência de Eddie Van Halen, mas não acho que soe como ele, é apenas uma influência. Nuno Bettencourt é outra influência... e aí você coloca Jamie no meio e Eddie Campbell que é um guitarrista incrível e que tem seu próprio estilo, influenciado por coisas da Europa, Uli John Roth , Yngwie Malmsteen... Mas Eddie soa como ele mesmo e então tudo isso faz o que somos.

ADRIANGALE - 2000
Você percebeu logo de cara que sua parceria com Jamie seria tão boa?

Assim que ele entrou no estúdio... Nós tínhamos acabado de finalizar as faixas base de “Feel The Fire” e fomos escrever as letras para algumas músicas que faltavam. Então ficou claro rapidamente que algo bom havia ali. E acho que algo além de musical, algo de amizade mesmo, agora já faz 14 anos que nos conhecemos, nossa amizade é muito grande e, consequentemente, nossa ligação musical também. Sempre foi fácil compor com Jamie, desde o início. Jamie tem uma voz única e tem muita técnica. Ele realmente tem seu estilo próprio, ninguém soa como ele, ele é grande parte do que somos. Nós não seríamos ADRIANGALE sem Jamie.
Ele tem um grande coração, é uma das melhores pessoas que eu já conheci em minha vida e essa é provavelmente a razão pela qual a gente se dá tão bem musicalmente, ele é como um membro da família, eu gosto do cara de coração, ele é uma pessoa muito boa. 
Vic e Jamie em estúdio produzindo "Sucker Punch!"
Tenho percebido uma evolução na qualidade da produção dos álbuns da Kivel Records. Como foi a produção do novo álbum?

Ao longo dos anos tenho aprendido bastante com as pessoas com quem trabalho, aprendido com os álbuns do ADRIANGALE, com muitos outros produtores com quem já trabalhei, tenho muita sorte de ter uma ótima rede de contatos com os quais eu posso contar, aprender... Harry e Pete (HAREM SCAREM), consegui bastante informação com eles no passado. Tem o Alex Salzman que foi o engenheiro de som em todos os álbuns do ADRIANGALE, ele já foi indicado ao Grammy, faz trabalhos para  a Disney, é um cara importante e eu pego toda essa experiência. Acho que é um álbum com ótimo som! Uma coisa que tento para cada álbum é soar diferente e procurei fazer esse álbum soar ótimo, tento não me empolgar tanto e me colocar no lugar de produtor, mas às vezes sento aqui  e aperto o play e penso: “Nossa! Isso é muito bom!” (risos)  Espero que esta seja a sensação dos fãs também.


Como você descreveria o novo álbum?

Basicamente soa como um álbum do ADRIANGALE, mas espero que um pouco diferente. Com certeza, estilisticamente, tem algumas mudanças. É subjetivo, algumas pessoas podem dizer que não é bom, mas eu realmente acho que irão gostar! Pegamos o que de melhor já fizemos até hoje e levamos a um outro nível.  Todos aprendemos bastante e somos músicos melhores... Temos tudo nesse álbum, do hard, rápido e heavy ao lento e melódico. O “Crunch” é um clássico e pode ser que as pessoas lembrem da gente por causa dele, mas não significa que eu não deva tentar fazer melhor sempre e eu acho que o novo é nosso melhor álbum.  
Temos Eddie Campbell de volta, temos os três membros originais de volta... Não me entenda mal, Scott Miller é um grande guitarrista e amigo, mas esta era a formação que as pessoas pediam, provavelmente ainda trabalharemos juntos novamente. Na verdade, eu produzi as guitarras dele para o último álbum do TANGO DOWN, ele fez todas as gravações de guitarra no meu estúdio, ainda somos bem amigos, ele é um grande músico e grande cara, mas agora nós voltamos às nossas raízes, eu, Jamie e Eddie. E nossa nova seção rítmica é de amigos muito próximos. É uma família, eu não poderia estar mais empolgado, será muito divertido e será perceptível nos shows.


Como surgiu o título “Sucker Punch!”?

Bem, “Sucker Punch!” é um termo para descrever um ataque que te pega de surpresa e foi isso que aconteceu com a gente. Estivemos fora por dez anos e então: “O quê? O ADRIANGALE voltou?!”, ninguém previa isso, então esse é o conceito “Sucker Punch!
O crédito do título... Ele provavelmente não gostaria que eu contasse, mas foi mal John! (risos), o crédito é do John Kivel. Quando conversamos sobre voltar, ele disse que o álbum seria chamado “Sucker Punch!” porque iria pegar as pessoas desprevenidas. Eu concordei e disse a ele que era uma ideia brilhante!

Qual foi o show mais marcante que já fizeram com o ADRIANGALE?

Eu diria que é um empate. O show que fizemos na Espanha em 2001 no Nemelrock em Madrid e o show que fizemos no Firefest em 2007 como CRUNCH. Estes dois shows tiveram um público com tanta energia! Apreciando a música... Foram shows maravilhosos. Eu não sei o que acontece com os latinos e o hard rock, na América do Sul ou na Espanha, vocês realmente apreciam o hard rock ou o rock em geral, essa foi a razão pela qual o show na Espanha foi tão bom. Nós estávamos em nosso primeiro álbum e tivemos inclusive que tocar algumas músicas do GUARDIAN porque não tínhamos tantas músicas (risos).


 Quais são seus guitarristas favoritos no hard rock?

Você sabe o número 1! (risos) Eddie Van Halen, não vou dizer em ordem, gosto também do George Lynch, adoro Pete LesperanceSteve Vai, Nuno Bettencourt, eu simplesmente adoro Steve Lukather, que guitarrista!  Andy Timmons é outro guitarrista difícil de explicar, ele é tão bom... Gosto muito também do Eddie Ojeda doTWISTED SISTER, o cara não erra notas, tudo o que ele faz, ele acerta as notas certas no tempo certo. E também Angus Young, minha banda favorita de todas é o AC/DC, os outros que eu mencionei são mais do tipo técnicos, mas o Angus é o tipo de guitarrista agressivo e solto, ele poe o coração e a alma no que faz...

Você tem contato com fãs do Brasil?

Nos últimos três anos muitas pessoas do Brasil entram em contato comigo pelo FaceBook dizendo o quanto gostam da minha música com o ADRIANGALE, com o Ted Poley e eu fico lisonjeado e honrado. Há tantos músicos no mundo que adorariam ter sua música ouvida e que as pessoas gostassem de suas músicas. Eu escrevo para os fãs. Eles são tão bons para mim e eu devo dar um retorno para eles.
Eu quero levar nossa música até vocês e poder conhecer seu belo país. Desde que trabalhei com Ted Poley eu tenho vontade de ir ao Brasil, ele me disse ótimas coisas sobre a América do Sul. Era para eu ter ido ao Brasil com o Ted, mas o promotor não conseguiu viabilizar. Ted sempre me disse que tem um grande mercado para o hard rock e melodic rock aí na América do Sul. Inclusive ele ficou surpreso com os fãs dizendo o quanto gostam de mim por causa da ligação com o Jamie e sua antiga banda GUARDIAN, já que o rock cristão é popular na América do Sul...

Muito obrigado pela entrevista Vic!

Obrigado Denis! Espero que possamos conversar novamente e que um dia possamos tocar no Brasil!

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